Ensino

Inteligência Artificial e o Futuro do Ensino de Arquitetura e Urbanismo

Encontro promovido pelo CAU/RS reuniu os coordenadores de cursos para discutir o impacto da tecnologia e os rumos da formação em Arquitetura e Urbanismo
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O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) realizou a 6ª Reunião do Colegiado de Coordenadores de Cursos de Arquitetura e Urbanismo. O evento reuniu representantes de Instituições de Ensino Superior (IES) de todo o estado com o objetivo de fortalecer o diálogo entre o Conselho e a comunidade acadêmica, discutindo caminhos para a qualificação do ensino da Arquitetura e Urbanismo no país.

A reunião foi conduzida pelos conselheiros da Comissão de Ensino e Formação (CEF-CAU/RS), que apresentaram as principais ações desenvolvidas no primeiro semestre. Na sequência, os(as) coordenadores(as) das IES compartilharam informes institucionais, além de experiências e desafios enfrentados no contexto atual da educação superior. A troca de informações e o debate coletivo reforçaram a importância do Colegiado como espaço de escuta, articulação e proposição de estratégias conjuntas.

IA no ensino: riscos, potencialidades e limites humanos

O ponto central da programação foi a palestra “Inteligência Artificial (IA): Autoria Intelectual e Software Livre no Ensino da Arquitetura e Urbanismo”, ministrada pelo arquiteto e urbanista Paulo Ricardo Mezzomo. A atividade provocou reflexões relevantes sobre o uso da IA no processo de ensino e aprendizagem, especialmente em uma área historicamente ligada à criação autoral, à sensibilidade estética e à dimensão ética da prática profissional.

O debate permitiu uma abordagem ampla sobre o tema, indo além do contexto acadêmico e alcançando questões práticas que já estão no radar do CAU/RS, como os impactos da IA no exercício profissional e na fiscalização. Entre os desafios identificados estão:

  • como fiscalizar atividades técnicas desenvolvidas com apoio de rotinas digitais?
  • Como atestar a autoria de projetos criados a partir do cruzamento de dados em softwares?
  • Quem deve ser responsabilizado tecnicamente por etapas operacionais conduzidas por algoritmos?

Segundo o coordenador da Comissão de Ensino e Formação, Paulo Ricardo Bregatto, é essencial compreender a IA como uma ferramenta que, embora poderosa, não substitui o componente humano da profissão.

O debate nos ajudou a entender como podemos transformá-la em suporte e parceira no nosso dia a dia, mais do que enxergá-la como uma ameaça. É preciso conhecê-la intimamente para reconhecer o grande potencial operacional dessa ferramenta

Paulo Ricardo Bregatto

Ao mesmo tempo, ele destacou os limites da IA diante de competências exclusivamente humanas, como empatia, percepção sensível, mediação e inteligência emocional, são fundamentais para a formação e a atuação ética na Arquitetura e Urbanismo.

Ensino presencial e valorização da formação crítica

A discussão sobre Inteligência Artificial também abriu espaço para um posicionamento firme em defesa da qualidade do ensino presencial. Segundo Bregatto, a formação em Arquitetura e Urbanismo demanda experiências presenciais que não podem ser reproduzidas em modelos remotos ou semipresenciais. “Reafirmamos o acerto do caminho que escolhemos ao elevar a régua da qualidade do ensino superior, combatendo os avanços impessoais do ensino a distância. O novo marco regulatório do EAD nos coloca em um limbo da semipresencialidade, o pior lugar para estarmos”, destacou.

Essa preocupação é compartilhada institucionalmente pelo CAU/RS, que tem se manifestado de forma ativa contra os retrocessos promovidos pelo novo marco do EAD. Em abril, o Conselho publicou uma Carta Aberta sobre o Novo Marco Regulatório do EAD, na qual denuncia os impactos da flexibilização nas diretrizes de qualidade do ensino superior, especialmente para cursos que exigem formação prática, crítica e integrada à realidade territorial. A carta foi enviada ao Ministério da Educação e demais instâncias públicas responsáveis, reforçando o papel do CAU/RS na defesa da formação de excelência em Arquitetura e Urbanismo.

Durante o encontro, também foi registrada a preocupação com a ausência da Arquitetura e Urbanismo entre os cursos reconhecidos pelo governo federal como estratégicos para o desenvolvimento nacional. Para os(as) participantes, esse cenário reforça a necessidade de mobilização e valorização da formação crítica, ética e comprometida com as transformações da sociedade. O Fórum encerrou com a proposição de novos temas para a próxima reunião do colegiado, prevista para o segundo semestre, reafirmando o compromisso coletivo com o fortalecimento do ensino e da profissão.

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