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“A Casa Bajeense: um caminho pela história da Arquitetura” é um projeto realizado pela Inov@ Consultoria Jr. da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), com patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS), por meio do Edital de Educação Patrimonial 2024. A iniciativa convida o público a conhecer nove casas históricas localizadas no Centro de Bagé, que narram a trajetória arquitetônica da cidade ao se conectarem com as histórias de seus antigos proprietários.
O diferencial do projeto está na singularidade de cada residência selecionada: algumas foram habitadas por políticos, outras por médicos, prefeitos, professores ou fazendeiros. Essa diversidade de perfis também se reflete na variedade arquitetônica das edificações, muitas delas de vanguarda para seu tempo. O principal objetivo é aproximar a população bajeense de suas origens e das figuras que desempenharam papéis importantes no desenvolvimento da cidade.
Buscando democratizar o acesso ao conhecimento arquitetônico da “Rainha da Fronteira”, profissionais da área aliaram saber técnico e tecnologia para compartilhar a riqueza histórica e patrimonial da região.
Conheça as ações do projeto
O projeto tem cinco frentes: o lançamento de um livro impresso, o seu e-book (conteúdo do livro disponibilizado digitalmente), um áudio book – que em breve estará disponível no site da Urcamp, um passeio guiado e um catálogo das casas históricas disponível digitalmente e em 3D. O projeto visual e 3D realizado pela Consultoria Júnior do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp), já o livro, foi produzido sob coordenação e textos de Magali Collares Gonçalves, com contribuições autorais de Maria de Fátima Schmidt Barbosa e Luiz Miguel Saes.
A iniciativa também conta com a colaboração da estudante de Arquitetura e Urbanismo Luísa Mello, responsável pelas fotografias, além da valiosa participação de professores e alunos do curso da Urcamp. A publicação do livro está sendo realizada pela Ediurcamp, junto da professora e arquiteta Ana Cláudia Kalil Huber, que coordenou a finalização da obra.
Passeio guiado pela história de Bagé
O projeto incluiu visitas guiadas a nove residências históricas do Centro Histórico de Bagé, realizadas em junho de 2025. Os mais de 80 participantes da caminhada foram guiados por um roteiro imersivo das nove residências históricas. O percurso contemplou tanto áreas externas quanto os interiores das construções, permitindo uma vivência profunda da arquitetura e da história local.
Entre os imóveis visitados estavam o Palacete Pedro Osório, a Casa Contreiras Rodrigues, a Casa Domingos Gomes (Clínica Gaffrée), a Casa José Octávio Gonçalves, a Casa Manoel Alves Sarmento, a Casa Nepomuceno Saraiva (Casa JW), a Casa Luiz Mércio Teixeira, a Casa José Carrion Moglia e a Casa Albert Guidoux.
A coordenadora do projeto, arquiteta e professora doutora Magali Nocchi Collares Gonçalves, destacou o entusiasmo do público e o sucesso da atividade, que aproximou a comunidade do seu patrimônio arquitetônico e reforçou a importância da preservação da memória local.
“Concorremos em um edital de abrangência estadual do CAU/RS e fomos contemplados. Tivemos o primeiro de quatro passeios pelas casas históricas e estamos impressionados com o interesse das mais de 80 pessoas inscritas para a atividade e com a receptividade dos proprietários, que aceitaram abrir suas casas, contar suas histórias e dividir com os participantes um recorte da arquitetura de Bagé. É uma iniciativa de educação patrimonial, destacando a relevância do nosso patrimônio histórico para a cidade”, afirmou.
Para a acadêmica Luísa Mello, que integra a equipe do projeto, a experiência foi marcante. “Quero agradecer, em nome de toda a equipe, a todo mundo que participou do passeio. Foi inesquecível, cheio de trocas, aprendizados e olhares atentos para a nossa cidade. Sem dúvidas, foi um marco na defesa do nosso patrimônio, um passo importante na valorização da arquitetura bajeense e na conscientização sobre a importância de preservar nossa história”, destacou.
Ficou curioso (a) pra saber como foi? Confira abaixo os registros.
Fonte: Urcamp
Catálogo Digital
Faça uma visita virtual pelos casarões de Bagé através do material disponibilizado digitalmente em 3D. Escaneie com o seu celular os QR codes abaixo e mergulhe no patrimônio arquitetônico da cidade!
O CAU/RS conversou um pouco mais com a coordenadora do projeto. Confira a entrevista e saiba mais sobre essa iniciativa que resgata a história e a arquitetura de Bagé!
Entrevista com a arquiteta e urbanista Magali Collares Gonçalves
P: Como surgiu a ideia de catalogar esse patrimônio e o expandir?
R: A ideia de catalogar essas casas foi através de um edital do CAU/RS. Nós [autores do projeto] já tínhamos esse amor pela arquitetura de Bagé e, ao longo do tempo, ele foi crescendo através de trabalhos que fazíamos e por meio dos nossos próprios mestrados. Então tínhamos essa ideia de divulgar esse conhecimento com mais profundidade e a oportunidade com o CAU/RS nos permitiu a concretização dessa ideia.
P: Como essas nove casas emblemáticas moldaram a identidade urbana de Bagé?
R: Bagé é uma das cidades que tem um contexto patrimonial enorme. Focamos nessas nove residências para construirmos um passeio no tempo, começando em 1880 e indo até os anos 40. Fizemos um recorte temporal que demonstra desde a assimilação da eclética historicista até a gente chegar no na modernidade.
P: Quais mudanças você acredita que o projeto trará para a memória urbana e a cidade de Bagé?
R: Eu acredito que seja essa desmistificação dessas casas, desses casarões, que, no caso, eles serviram uma família, serviram uma pessoa e hoje pode também servir a outras famílias, mas também pode ter outras funções. Queremos mostrar que há um potencial de adaptabilidade desses objetos arquitetônicos, de antigamente serem casas e agora serem clínicas, serem centros de cultura, enfim, serem lojas de comércio. Para a gente ter um empreendimento moderno, a gente pode colocar esse empreendimento num casarão antigo, e, no caso, ele fica até mais valorizado, porque fica com uma essa consciência de que existiram existiu uma história naquele espaço.
P: Qual a importância de contar com o apoio do CAU/RS para fazer a publicação?
R: Nós temos muitos trabalhos a publicar e a mostrar para a comunidade e o CAU/RS tem feito um trabalho magnífico, nesse sentido da educação patrimonial. Esses editais que a gente participa são importantíssimos, porque a gente não teria recursos para divulgar esse trabalho de pesquisa. É importantíssima essa iniciativa pros arquitetos, pros estudantes de e para as pessoas que vierem a escolher essa profissão.
Educação Patrimonial e o CAU/RS
O CAU/RS tem como compromisso institucional a valorização e preservação do patrimônio cultural, entendendo a educação patrimonial como uma ferramenta fundamental para esse propósito. Por meio de editais públicos, o Conselho financia publicações, eventos, materiais educativos e ações que promovem a conscientização sobre a importância do patrimônio edificado e da memória coletiva.
O CAU/RS acredita que fortalecer o senso de pertencimento da sociedade e estimular a responsabilidade coletiva são caminhos essenciais para a preservação, além de valorizar a atuação dos arquitetos e urbanistas nesse processo. No contexto do Rio Grande do Sul, essa atuação é ainda mais relevante diante da diversidade e riqueza arquitetônica do estado, sendo parte da missão do Conselho garantir que o patrimônio cultural siga como elemento vivo da identidade local e da construção de cidades mais sustentáveis.
Em 2025, um novo edital de Educação Patrimonial foi lançado. Clique aqui e inscreva a sua proposta!
