A 3ª edição do Concurso de Fotografia do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) revela as imagens vencedoras que registraram em suas fotografias o “Patrimônio Cultural Imaterial localizado no Estado do Rio Grande do Sul”. Segundo o IPHAN, bens culturais de natureza imaterial são “práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas)”.
A banca julgadora foi composta por Beatriz Sallet, Felipe da Silva Rodrigues e Paola Maia Fagundes, e coordenada pelo conselheiro do CAU/RS, José Daniel Craidy Simões, que destacou que esta edição apresentou maior representatividade das diferentes regiões do estado em relação às anteriores. “Apesar da complexidade do tema, tivemos imagens bastante criativas do Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Sul, o que nos deixa muito satisfeitos com o resultado”, disse o conselheiro.
Saiba mais sobre os jurados:
Beatriz Sallet: professora da Unisinos, dá aula na área de fotografia há 12 anos, é graduada em Jornalismo e possui Mestrado e Doutorado em Comunicação. Além da docência, tem 25 anos de experiência prática em veículos de Comunicação, como repórter, repórter fotográfica e assessora de imprensa.
Felipe da Silva Rodrigues: é fotógrafo e editor de imagens para para a divulgação de produtos agrícolas para empresas e editor da Revista Fotocronografias. Tem bacharelado em Comunicação Social (PUCRS), mestrado em Planejamento Urbano e Regional (UFRGS) e é pesquisador do Núcleo de Antropologia Visual da UFRGS.
Paola Maia Fagundes: graduada em Arquitetura e Urbanismo e especialista em Arquitetura da Cidade (PUCRS), mestre em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos (UFBA) e vencedora de prêmios pela Federação Nacional dos Arquitetos (FNA) e pelo Centro Internacional para a Conservação do Patrimônio (Fundacion CICOP).
José Daniel Craidy Simões: graduado em Arquitetura e Urbanismo (UNISINOS), doutorando em Planejamento Urbano e Regional (UFRGS). É membro do Grupo de Estudos e Documentação em Urbanismo (GEDURB). Conselheiro do CAU/RS e coordenador da Comissão Especial de Patrimônio Cultural do CAU/RS (CPC).
As imagens serão publicadas no Calendário 2025 do CAU/RS, além de serem utilizadas em outros materiais institucionais, como campanhas, exposições e nos canais de comunicação do CAU/RS, como site e redes sociais. As 12 fotos selecionadas receberão um prêmio de R$ 1 mil, cada uma.
Conheça as imagens vencedoras
Andréia Cristiane de Oliveira – Nossa Senhora dos Navegantes (Porto Alegre/RS).
As procissões em homenagem à Nossa Senhora dos Navegantes acontecem anualmente e se deslocam pelas ruas
da cidade. Fiéis acompanham a imagem e pagam suas promessas, renovando seus votos de fé e amor à padroeira de Porto Alegre.
Claiton Fernando Nazar – BORA, BARÁ!… (Mercado Público de Porto Alegre/RS).
Patrimônio histórico imaterial identificado pelo culto ao Orixá Bará Lodê, que nas religiões de matriz africana significa “O Senhor dos Caminhos” ou “O Senhor das Chaves”. Além de abrir caminhos, o Bará ainda representa o trabalho e a fartura. É daí que vem a tradição de jogar dinheiro e balas de mel no centro do Mercado Público de Porto Alegre. O Bará é uma variedade do Orixá Exu, associado ao destino e à prática divinatória. Ele é sincretizado pelos costumes católicos como Santo Antônio ou São Pedro. Sendo que são realizadas cerimônias religiosas em sua homenagem no Mercado Público,
respectivamente nos dias 13/06 e 29/06. Acredita-se que o “assentamento” do Bará tenha sido feito através de um ritual
realizado pelo Príncipe Custódio, que teria enterrado um “ocutá” (pedra, madeira, metal ou terra) na encruzilhada central do Mercado Público. O Príncipe veio de Benin, país africano, e viveu em Porto Alegre de 1901 a 1935, quando faleceu com 104 anos.
Lucas Soares Vieira – Mulher Gaúcha (Estância Santa Delfina, Dom Pedrito/RS). Mulher gaúcha cultivando a tradição do nosso povo que é o chimarrão em um final de tarde na estância no interior do Rio Grande do Sul.
Stela Maris da Rosa Dias – As Lavadeiras do Arroio (Arroio do Sal/RS).
As lavadeiras do arroio são nosso patrimônio cultural imaterial de Arroio do Sal. Nossas queridas lavadeiras do
arroio foram homenageadas no ano de 2013. Temos o dia 18 de maio como dedicado às nossas lavadeiras do arroio. Nossa história foi registrada à beira do arroio.
Marcello Carneiro de Oliveira – Pescaria na Ponte Giuseppe Garibaldi (Imbé e Tramandaí/RS).
O local é uma atração conhecida, fazendo parte da cultura dos dois municípios e está sempre tomada de
pescadores que visam a pesca da sardinha, muitas vezes sem isca no anzol devido a quantidade e voracidade dos peixes. A foto foi tirada cedo e a presença de pescadores ainda era pequena, se avolumando nos instantes seguintes.
Renato Fontanari Thomsen – Procissão de CORPUS CHRISTI (Centro Histórico de Cachoeira do Sul/RS).
Evento religioso anual com participação popular. A caminhada tem saída e chegada na Catedral Nª Sª
da Conceição, localizada no Centro Histórico de Cachoeira do Sul/RS.
Helio Alexandre dos Santos – O Artista de Rua (Praça Dante Alighieri, Caxias do Sul/RS).
Um artista de rua, com uma mala de viagem, entra na praça, trazendo consigo a expectativa do novo. Seu traje listrado e calças largas contrasta com a multidão que, indiferente ou curiosa, se dispersa ao seu redor. A arquitetura da cidade, com suas fachadas antigas e monumentos, parece testemunhar a chegada de mais uma manifestação cultural. As histórias de outrora se entrelaçam com a vivência contemporânea dos que por ali passam, enquanto o artista, figura transitória e simbólica, adiciona à paisagem urbana um fragmento do imaterial, trazendo vida ao patrimônio construído.
Karina Moreira Dias – Doce Patrimônio de Pelotas (Pelotas/RS).
A imagem captura o patrimônio imaterial de Pelotas: seus doces tradicionais. Conhecida como a Capital Nacional
do Doce, a cidade não apenas encanta com suas delícias, mas também é rica em patrimônios históricos e arquitetura deslumbrante. Pelotas é sinônimo de doçura, cultura, tradições, patrimônio e amor.
Enio Possapp Berwanger – Armazéns Cais do Porto (Cais de Porto Alegre).
Armazéns recebendo o pôr do sol em Porto Alegre.
Cristiane Bertoco – Celebração da vindima e pisa da uva (Cantina Strapazzon, Caminhos de Pedra, Bento Gonçalves/RS).
A vindima – colheita da uva – é um dos principais momentos de atração cultural de patrimônio imaterial em Bento Gonçalves, integrando famílias de agricultores descendentes de imigrantes italianos com visitantes, sendo referenciada como símbolo da sua identidade étnica. Na Cantina fotografada, no Roteiro Cultural Caminhos de Pedra, a celebração da vindima e pisa da uva inicia com uma espécie de “procissão” em prol do patrimônio, em direção à casa histórica e sua paisagem de vinhedos, onde são narradas as memórias da família, os modos de fazer da uva e do vinho. Em volta da casa e junto aos
vinhedos, os visitantes experienciam a colheita, degustação e pisa da uva, acompanhados de um lanche colonial típico com produtos da vizinhança e vinhos da família.
Henrique Engers Henning – Tessituras (Praia do Laranjal, Pelotas/RS)
Vivian Mayer – CEASA (Porto Alegre/RS).
A foto captura o interessante contraste que existe entre a agitação e o movimento de produtores sob a harmonia e equilíbrio da cobertura do pavilhão da Ceasa. É admirável que uma edificação tombada pelo patrimônio histórico abrigue um
rico vai-e-vem de produtos, trabalhadores e consumidores.